A abundância de uma população pode ser afetada tanto por fatores abióticos (atributos físicos e químicos do ambiente) como pelas interações com outros organismos (predação, competição, etc.). Fatores abióticos, como a temperatura, afetam as populações principalmente em nível individual, fisiológico, influenciando o metabolismo dos organismos e a forma como estes alocarão energia para funções vitais, como reprodução e crescimento. Nesta linha de pesquisa, o Laboratório de Limnologia tem estudado o efeito de estressores naturais e antrópicos sobre a fisiologia e dinâmica populacional de organismos aquáticos. Estas pesquisas têm sido desenvolvidas principalmente através de experimentos, tanto in situ como em laboratório.
São destaques os estudos com crustáceos da classe Branchiopoda, que inclui os cladóceros (ex. gêneros Moina e Ceriodaphnia) e os “Camarões-fada” (ordem Anostraca) como organismos modelos. Estes organismos possuem ciclo de vida curto (no máximo dois meses), permitindo a realização de experimentos que englobam todo o ciclo de vida, com a contabilização de parâmetros reprodutivos, crescimento corporal e longevidade. Considerando-se ainda os diferentes estágios do ciclo de vida dos microcrustáceos, o papel do banco de ovos de resistência na colonização de ambientes aquáticos temporários é notável, e tem sido investigada em experimentos com a exposição dos estágios dormentes a diferentes estressores abióticos e períodos de dessecação, buscando elucidar os requerimentos para eclosão e posterior colonização desses ambientes.
Outros estudos do Laboratório de Limnologia têm foco em gradientes ecológicos como o da concentração de carbono orgânico dissolvido (COD). Pesquisas evidenciaram que o estresse brando causado por substâncias húmicas aquáticas pode aumentar a longevidade e a resistência a outros estressores em cladóceros. Estes resultados chamam atenção para um importante papel destas substâncias, as quais estão presentes em praticamente todos os ambientes aquáticos como principais componentes do COD. Além disso, tendo em vista a baixa qualidade nutricional de fontes alóctones alguns estudos realizados tentam investigar as fontes nutricionais (através da composição bioquímica) de espécies presentes em pequenas áreas úmidas ricas em COD.
Considerando as mudanças climáticas em curso no Planeta, outro parâmetro de grande relevância é o efeito da temperatura sobre a fisiologia de organismos aquáticos. Neste tema têm destaque os estudos da tolerância e alterações metabólicas de diferentes espécies de anfíbios e macroinvertebrados em função do aumento de temperatura. Com esses estudos é possível identificar os limites térmicos críticos do bom funcionamento fisiológico das espécies e com isso indicar grupos possivelmente ameaçados pelos efeitos das alterações climáticas.
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